“A primeira apresentação que o coral fez foi num evento em que se comemorava os cem anos da descrição da doença de Alzheimer. Houve grande emoção. Vários médicos e vários profissionais chegaram a chorar ao ver pacientes cantando, muito alegres, rindo”.
O estímulo ao canto tem trazido bons resultados para pacientes de Alzheimer em tratamento no Hospital Universitário de Brasília (HUB). Criado em 2005, o coral da unidade funciona como terapia complementar para os portadores da doença.
De acordo com o idealizador da proposta e presidente da Associação Mundial de Gerontologia e Geriatria, Renato Maia, a iniciativa tenta recuperar a memória, a alegria e o bem-estar dos pacientes.
"Não nos foi possível ainda comprovar isso através de testes científicos, mas familiares tem notado que os casos de pacientes que frequentam o coral tem ficado mais estáveis, eles estão muito mais alegres e comparecem ao centro com mais disposição que antes”, disse.
Para Maia, os encontros do coral são animados. O grupo, que conta com quase 30 pessoas, tem no repertório sambas, marchinhas de Carnaval e músicas folclóricas.
“As músicas escolhidas são geralmente fáceis e do passado. São aquelas que os pacientes tiveram mais oportunidade de ouvir e que tem maior possibilidade de recordar.”
Além dos pacientes, os familiares são convidados a participar do coral. Segundo Maia, a integração entre parentes e portadores da doença é muito importante, pois melhora a qualidade de vida deles.
“Muitos pacientes com Alzheimer sequer conseguem cantar a letra da música correctamente. O familiar é quem auxilia e incentiva e essa forma de terapia visa também a contribuir para o bem-estar do familiar, que sofre muito com a pessoa que tem a doença”, afirmou.
Os ensaios do coral ocorrem todas as terças-feiras, pela manhã, no corredor do primeiro andar do ambulatório do HUB. Além dos encontros regulares no hospital, o grupo também faz apresentações em diversos locais de Brasília. Já se apresentaram no Sector Comercial Sul, na Universidade de Brasília e em um shopping da cidade.
Segundo ele, a terapia complementar não visa apenas descobrir a cura da doença, controlar a agressividade e melhorar a memória dos pacientes, mas também fazer com que os pacientes reencontrem a alegria de viver.
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